segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A MANHÃ SEGUINTE

Observava-as, ainda, lesmolivas na brita. A lua quase transparecia alta no azul. Verruga do céu, observava eu e a putas capotadas. Montinhos. Somente uma desperta, florescia na calçada, sentadinha, desgrenhada. Tomava café preto. Ou coca-cola. Não sei. Só sei que era preto. E não me via no beiral do terceiro piso. Se me viu, não se importou, não fiz a diferença na manhã recém-nascendo. E daí? A bicha calou-se, isso é que importava. Devia estar bêbada jogada sobre a mesa. Quem sabe caiu bêbada lá de cima e perdi o show. Aos ouvidos somente a brisa fria e um barulhinho insistente de pedra de isqueiro gastada. Ai, que saco. Virei-me e dei com ela sentada no chão, atrás de mim. Lápis borrado, batom manchando o cigarro meio queimado amassado na boca. Catou do chão, de certo. Ela me olhou nos olhos e continuou batendo a pedra. “Saiu do transe, xuxu?”. “Hum”. “Tem fósforo?”. Vasculhei os bolsos e atirei-lhe a caixinha. E ela desatou. Fofalava, ininteligia qualquer nada com aquele cigarro apagado na boca. Não queria conversar. Não estava afim. Arqueei a vida, deixei cair-me, estatelei no orvalho, regozijado. Ainda deu tempo de olhar pro alto e ver meu corpo sentado na gradinha, suplicando pela queda.

Nenhum comentário:

SIGAM-ME OS BONS!