domingo, 26 de junho de 2011

MULHER DESENHADA NO QUADRO

Gostaria de não ter quadros brancos com que se escrevesse em canetas pilot brochadas e sem tinta, ou nem onde se desenhasse mulheres histéricas cantarolantes de olhos vermelhos para nunca eternizados, ficarem manchados de branco no fundo do quadro branco em uma nota espiral digital tão grave quanto sem nexo.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

SUCO DE LARANJA

Um copo de suco sobre a mesa. Suco de laranja. O copo metade vazio abandonado na pressa cotidiana. Pago, bem pago. Mas dispensado. R$ 2. Deixado de lado sobre a mesa. Quatro laranjas espremidas. Todas carregando a dificuldade de sobreviver ao cancro cítrico. E ao transporte rural. E à opção da feira. E à xepa. Para acabar esbagaçada no espremedor do boteco da esquina. De qualquer esquina. E com mais três parentes formar refrescantes 300 ml de suco prontos a satisfazer a sede do primeiro cliente encalorado que aparecer. O cliente pede. O balconista espreme. O cliente paga. Bebe meio copo. E se vai. E o resto do suco pro ralo da pia. Água e detergente e esgoto kármico. Desprezando o trabalho do agricultor, do caminhoneiro, do feirante e do balconista em meras moedas atiradas no balcão e uma corrida apressada para alcançar o último ônibus da noite. Estou suco de laranja. Preferia ser ovo frito.

SIGAM-ME OS BONS!