domingo, 30 de novembro de 2008

CANÇÃO CINZA

(a les fleurs des trottoirs)

As crianças das calçadas
são as flores do futuro.
O futuro do sol avermelhado
de fumaça de carro
e do cigarro na boca das flores.

As flores do futuro.

A igualdade é uma solução?
A auto-extinção.

Eu a vi sozinha
entre os prédios
feito bolha de sabão.
(plim)

terça-feira, 25 de novembro de 2008

DRAMA II

(Resposta a Drama de Suelen Rocha, postado em http://basileesco.blogspot.com/2008/11/drama.html)

Não, não é isso...
As lágrimas vieram
e eu já estava ao chão.

Eu cantava
e memórias plimplintavam na pontinha do nariz.
A dor tomava meu corpo,
contorcia-me os rins.

Levantei cambaleante,
a cabeça girava.
Mal podia abrir os olhos,
a boca arreganhada cheia de dentes.

De repente,
senti o parapeito roçar-me o quadril.
E ganhei vôo.
Contorcia-me ainda quando do baque seco.

Houve-me tempo de ouvir um deboche:
"Esta louca se jogou às gargalhadas, feliz da vida."

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

QUASE

Estou quase cansado
desse quase sucesso.

Sou quase foda
no que quase faço
quase todo dia.

domingo, 9 de novembro de 2008

PORRA!

Calor. Nada pra fazer. Acordei do incômodo nas calças e agora estou com a mão batizada. De novo. Pelo menos aliviei o domingo. Vou lavar a mão antes que a mãe chegue da tia. Não. Acho que vou tomar um banho. Cara, que água boa. Dá até vontade de mijar. Ainda mais depois de. Aaah. A mãe fica doida com isso, mas não tem coisa melhor que fazer xixi no box. Com barulhinho de água. Tem. Cerveja. Vou ligar pro Vilson e dar um pulo no boteco. Quem sabe a Vanessa apareça e a gente. Cadê minha toalha? Será que a mãe lavou? Me enxugo com a dela mesmo e foda-se. Vou rápido me trocar pra devolver a toalha no lugar. Ela nem.
- Oi, mãe!

domingo, 2 de novembro de 2008

μ-CONTO

Quando eu era pequeno, a maçaneta da porta do meu quarto abria pra cima. Era tão surreal.

SIGAM-ME OS BONS!