domingo, 4 de outubro de 2009

SABATINA

"Relaxa, vai com calma", laralava o viadinho sentado sobre a mesa num falsete de enraivecer muita soprano superstar. Mas elas riam falso e alto na festinha. Eu queria mandá-lo tomar no cu, mas era capaz dele gostar da ideia e ficar incomodando, então resignei-me a observar da sacada o movimento na uisqueria da vizinha. Na mão um copo com gelo, só gelo. Na boca, a língua adormecida formigava ao sabor do conhaque forte e brincava com o líquido até não aguentar mais e rasgar o esôfago, úvula abaixo. Estava alheio à festa. De costas pra ela. Somente os gritinhos da bicha burra me traziam a tona e logo mergulhava novamente em mim e no movimento lá fora. As putas corriam no quintal. Corriam seminuas entre os carros estacionados e se davam para os peões famintos de buracos úmidos. Pareciam felizes e urravam felizes. Não sei dizer se também estava, mas sentia-me quimicamente assim. Atraído, subi na gradinha e pulei. Não, não pulei, mas queria. Só sentei-me na grade e observei. Precisava mais conhaque, mas se cruzasse a bicha rumo à garrafa, daria-lhe com o copo na nuca até que aprendesse a falar que nem homem. Fiquei lá, então, olhando as putas.

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