terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

NEOFOBIA

Sinto-me como se estivesse correndo há muito tempo e no meio do caminho encontrasse um muro. Preciso pulá-lo pra continuar correndo. Mas não tenho certeza se quero pular. Só não quero ficar parado olhando pra ele o resto dos dias sem saber o que tem do lado de lá.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

DESASSOSSEGO

to meio down hoje
queria sair pra beber
encher a cara
até vomitar
e sentir a cara amortecida

mas não tem isso aqui
não tem onde fazer isso


aqui

domingo, 13 de fevereiro de 2011

MAIS E MENOS

quando éramos juntos eu estava mais,
agora menos,



menos triste,
menos feliz,

sábado, 12 de fevereiro de 2011

SEDE

Me lembro quando instalaram o bebedouro elétrico na escola. Me lembro bem. Sim, um bebedouro elétrico, desses de aço inox que gelam a água. Colocaram perto das torneiras no canto do pátio coberto. Fiquei estupefato que a escola pudesse bancar um daqueles. Eu e outros tantos. Mas eu era muito pequenininho para fazer qualquer avaliação econômica, tão pequenininho que nem alcançava o negocinho que sai água. Nem eu, nem outros tantos. E por isso construíram um patamar de concreto que serviria de degrau aos mais baixotes. Formavam-se filas para usá-lo. Ninguém mais dava bola pras torneiras ultrapassadas, ninguém mais queria tomar água na conchinha da mão. Coitadas, serviram um bom tempo, mas nesses tempos do politicamente-correto, quem vai deixar as crianças tomando água da torneira? “É só pra lavar a mão”, taxava a inspetora. Minha mãe ainda silabava. “Não pode encostar a boca no negocinho que sai água porque dá boqueira”. Deus meu, o que é boqueira? Um tipo de fungo? Até hoje tenho medo de pegar isso. Credo! Mas meu maior medo mesmo era pegar boqueira e ficarem me zoando, falando que peguei sapinho beijando por aí! Beijar? Mas nunca, morria de vergonha disso. Queria era brincar, só. Já me bastava. Pra que essas melecações de novela? Nem gostava de novela! Só da Tieta. Mas as outras não. Muito chatas. Isso tudo faz tempo. (suspiro). Acordei com vontade de beber água no bebedouro da escola.

(Texto publicado no site Cooperativa de Letras em 04/02/2011)

domingo, 6 de fevereiro de 2011

REVOLVIDA

Por que
você bate no portão
sem camisa - sem noção -
com pretextos de ver a menina?

Atrapalha minha cerveja
meu domingo calmo,
de família,
pra te fazer sala.

Fico preocupada.

Você pra lá e pra cá com a criança,
falando merda,
na loucura que te fez vir aqui
de bicicleta...

Se toca.
Vaza.
Se boicota.
Me esquece.
Desfalece.
E me deixa.

Foi difícil
mas te esqueci,
você esteve aqui no meu peito
apunhalado por muitos meses
mais de ano
me danando
e enchendo a vida de vazios,
lacunas, lapsos de memória
tijolos assentados de ressentimento.

Sei que não é culpa sua,
não somente sua.
Me levei,
me deixei levar.
Foda-se,
você passou e eu fiquei
retornei à tona.

Ainda levo umas pauladas
às vezes,
mas já não é por ti,
é pelo resto de lama que me deixei afundar.

Vai melhorar,
vou passar.
E você não nunca vai mais fazer falta por aqui.
Então vai.

E para de me perturbar.

SIGAM-ME OS BONS!