- Uma cerveja, por favor.
O garçom já não estranha o livro
aberto sobre a mesa, como de costume.
Diversos tipos passam,
espremendo-se entre a mesa e o balcão.
Alguns riem-se, admirando
ali reunidos eu, a cerveja e o convidado da vez.
Hoje, Nelson Rodrigues.
O copo americano é posto.
Sem que me perceba,
o líquido amarelo-azedo-gelado é servido
e no déjà vu, estalo uma cara de “odeio espuma”
seguido do obrigado em meio sorriso.
Tomo dois ou três goles
e, concentrado, esqueço-me do mundo.
Mais alguns goles
e sinto a garganta atar em nó...
Repentinas lágrimas pingam do meu queixo
sobre a página esquecida.
Falta-me a resposta ao velho amigo, noite dessas:
“Onde foi que deixaste o brilho dos teus olhos?”
E não passo da primeira linha.
ABRINDO OS TRABALHOS
Há uma semana
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