Onde estão os clarinetes?
Onde estão?
Onde fui parar?
Saí de cabeça quente.
Rumei ao beco do meu passado,
mas ele não é mais o mesmo!
Tocava sertanejo.
Eu não gosto de sertanejo.
A cerveja desceu-me triste e pelo copo.
Caminhei mais um pouco
e deparei com o casarão dos muitos fatos,
mas ele não é mais o mesmo!
Imponente ainda,
e agora com grandes "Aluga-se" pela fachada.
A vida desceu-me triste, goela abaixo.
Onde estão os flautins?
Onde estão?
Onde tudo foi parar?
Meia-volta. Chega do passado.
ABRINDO OS TRABALHOS
Há uma semana
Um comentário:
O passado me bate à porta; cara amassada, escorando na porta, respiração sôfrega. Subira os quatro andares, pulo à pulo, ansioso, num vil desespero de me tomar à força.
Lembro-me dele. Lembro-me de suas francas cores amendoadas e quentes, sua risada entrecortada, as bebidas que ingeria. Lembro-me do seu corpo, e principalmente do seu colo. Das fantasias rotas, das músicas loucas, da impermeabilidade. Isso era o que mais fazia falta; o poder de permanecer intacto.
Olhei-o chorosa, magoada. Ele sabia onde me encontrar - onde agora eu habitava - e vinha me procurar, frenético da saudade que era minha. Sem pronunciar uma única palavra de "olá", até porque não a pude encontrar, bati a porta em sua cara.
Mas ele ficou lá, do lado de fora. Ainda ouço sua respiração.
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