sexta-feira, 3 de junho de 2011

SUCO DE LARANJA

Um copo de suco sobre a mesa. Suco de laranja. O copo metade vazio abandonado na pressa cotidiana. Pago, bem pago. Mas dispensado. R$ 2. Deixado de lado sobre a mesa. Quatro laranjas espremidas. Todas carregando a dificuldade de sobreviver ao cancro cítrico. E ao transporte rural. E à opção da feira. E à xepa. Para acabar esbagaçada no espremedor do boteco da esquina. De qualquer esquina. E com mais três parentes formar refrescantes 300 ml de suco prontos a satisfazer a sede do primeiro cliente encalorado que aparecer. O cliente pede. O balconista espreme. O cliente paga. Bebe meio copo. E se vai. E o resto do suco pro ralo da pia. Água e detergente e esgoto kármico. Desprezando o trabalho do agricultor, do caminhoneiro, do feirante e do balconista em meras moedas atiradas no balcão e uma corrida apressada para alcançar o último ônibus da noite. Estou suco de laranja. Preferia ser ovo frito.

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