Por que
você bate no portão
sem camisa - sem noção -
com pretextos de ver a menina?
Atrapalha minha cerveja
meu domingo calmo,
de família,
pra te fazer sala.
Fico preocupada.
Você pra lá e pra cá com a criança,
falando merda,
na loucura que te fez vir aqui
de bicicleta...
Se toca.
Vaza.
Se boicota.
Me esquece.
Desfalece.
E me deixa.
Foi difícil
mas te esqueci,
você esteve aqui no meu peito
apunhalado por muitos meses
mais de ano
me danando
e enchendo a vida de vazios,
lacunas, lapsos de memória
tijolos assentados de ressentimento.
Sei que não é culpa sua,
não somente sua.
Me levei,
me deixei levar.
Foda-se,
você passou e eu fiquei
retornei à tona.
Ainda levo umas pauladas
às vezes,
mas já não é por ti,
é pelo resto de lama que me deixei afundar.
Vai melhorar,
vou passar.
E você não nunca vai mais fazer falta por aqui.
Então vai.
E para de me perturbar.